Os mais próximos sabem exatamente o que aconteceu no último 11 de setembro. Não! Não é o que você está pensando. Osama não aprontou nada novo. Continua tingindo a barba e exaltando em vídeos o heroísmo muçulmano de há seis anos. Falo precisamente do que ME aconteceu na tal data! Se estou sendo testado, se recebi um alerta, se deus me carregou no colo, se não era minha hora, se eu gostasse de axé, se a união soviética vingasse, não sei. Nenhuma resposta me foi dada, nem a quero. Garanto, porém, que minha terceira vida começa diferente das anteriores. Começa de onde as outras pararam, vai até onde as outras tentaram, aprende com os erros que as outras erraram, no fim é tudo a mesma... Não, não é.
Na segunda, imaturo e precisando errar, eu me restringia a beber e falar mal das pessoas. Minha mãe, viúva experiente, esperando apenas que a vida continuasse vida, com seus 40 anos, devia olhar pra mim e pensar: "esse cara do pai dele está me dando trabalho. mas é o meu trabalho, né zé neto?" Infelizmente é verdade, não é dona Elza?
Na terceira, trabalhador e consciente, eu me restrinjo a não mais beber ou fumar. Eu mesmo, cansado da "não poética" da vida, esperando uma luz no fim do túnel, com meus 24 anos, devo olhar para dentro de mim e pensar: "esse cara de bunda tem muito trabalho. mas é o meu trabalho, né zé(d's)?" Com certeza sim, não é José?
Curioso que as minhas três vidas começaram no hospital, com sangue e lágrimas. Histórias de Hospital que o Paulo ainda não contou. Parece que se eu me der ao trabalho de aprender a tocar algum instrumento vou ajudá-lo a compor uma rapsódia falando sobre tudo isso, mas sonhos, sonhos são. E eu, que há muito sonho são e sóbrio, soluço essa crônica apenas para que, externado todo esse sentimento de empate, possa continuar, agora de uma vez por todas, minha terceira, longa e, quem sabe, feliz existência. Se a felicidade nasceu morredoura não sei, mas nasceu. Entre outras coisas, e principalmente, nasceu por trás de óculos novos, olhando outros óculos (rubro-negros) contornados por um rosto que é, esse sim, estética, poética, enfim... Explicações demais desmentem a própria beleza.