Eles já viajaram para a Inglaterra, o Brasil, a Austrália, a China, o Canadá, etc. Já foram à praia, à floresta, ao rio, moraram em outras cidades. Já foram ao inferno e ao céu (literalmente). Já conheceram Ramones, Michael Jackson, Madona, REM, Bill Clinton, Mel Gibson, Steven Spilberg, The Who, Paul McCartney, Paris Hilton, e tantos outros. Já foram astronautas. Já salvaram o mundo, já entraram em guerra com golfinhos, já foram perseguidos por assassinos seriais, já ganharam concursos, se transformaram em chupeta (!), Einstein, Bruxa, Esqueleto, Homem - sem - cabeça, Lobisomem. Foram Harry Potter, presidente americano, foram ao futuro e ao passado. Conheceram ETs... A lista de situações vividas ao longo de 18 anos pela família Simpsons é infinita. A Antologia de cenas hilárias também. Como, nesse caso, conseguir algo novo com o longa? Não conseguiram.
Com pouco menos de 90 minutos, o filme parece, para qualquer um que conheça bem a série, um bom episódio alongado. Ou uma trinca de episódios seqüenciados exibidos de uma só vez. Não que pudéssemos esperar grandes viradas históricas. Qualquer descuido dos inúmeros roteiristas da película, poderia resultar em complicações para a continuidade natural do programa. O Moe, para esclarecer meu raciocínio, não poderia morrer, com o risco de não podermos contar com o barman turrão na sequência da série. Com isso os personagens agem como sempre agiram, nada que fuja ao costume. Parece que o único propósito do longa foi o financeiro. Natural para aquela que é, sem dúvida, a mais importante e premiada série animada da história da televisão mundial.
Ao menos, o humor venenoso se mantém. Nada que não apareça a cada minuto nos episódios da TV, mas sempre delicioso. O melhor exemplo é justamente a primeira cena do filme. Toda a cidade de Springfield assiste no cinema a um longa de 'Comichão e Coçadinha'. Revoltado, Homer se levanta e dispara: "por que eu tenho que pagar uma nota pra ver algo que passa todo dia na TV de graça? Todo mundo aqui nesse cinema é idiota." e apontando para a "câmera" completa: "inclusive você". Uma jogada de mestre dos roteirista, muito provavelmente pensada após o conclusão do texto. Devem ter percebido que não passava de um episódio corriqueiro da série, e optaram por declarar isso já no início. Acertaram. Não bastasse isso, no meio da projeção tudo escurece e aparece o letreiro "to be continue"... e segundos depois "immediately". Como se estivéssemos realmente diante de episódios integrados, e não de um longa. Prova cabal de que não deveríamos nos enganar. É o mesmo Simpsons da TV.
Outra questão séria, essa mais nossa, é o fato de que a Fox do Brasil não conseguiu acertar as bases financeiras com Waldyr Sant'Ana, o dublador oficial de Homer e Vovô. Triste, pois até as cenas conhecidas pelos trailers, dublados antes desse problema (em especial a do Porco-Aranha e a do telhado), parecem menos engraçadas sem a voz de Waldyr no filme. Um detalhe que, perdão pelo clichê, fez toda a diferença.
Mas vale bastante a pena. Como diversão é um prato cheio. Com takes mais amplos (graças ao formato WideScreen dos cinemas) as cenas ganham uma maior agilidade e permitem o jogo com vários personagens ao mesmo tempo. Sacadas políticas e filosóficas são rotina. As costumeiras referência metalingüísticas também estão presentes, como as duas que citei acima. Os moradores de Springfield aparecem todos. Dos personagens mais importante, senti apenas a ausência de Sideshow Bob, que poderia ser muito bem aproveitado no terceiro ato. Os convidados também dão as caras: Schwarzenegger como presidente, Green Day como músicos ativistas, etc. Nenhum recurso que já não supuséssemos, mas todos bem utilizados e necessários. Por isso, não é depreciativo dizer que o filme repete a fórmula da série de TV. Pois se essa beira a perfeição, aquele deveria ser exatamente isso: um prolongamento da genialidade de Matt e sua turma. Nós Simpson-maníacos sentimos apenas que não fomos surpreendidos. A surpresa foi justamente a existência do filme, após longos 18 anos de espera. 18 anos esses que permitiram aos roteiristas praticamente todas as possibilidades de exercício criativo, não parecendo ter sobrado muito espaço para mais novidades na telona.
Ao menos, o humor venenoso se mantém. Nada que não apareça a cada minuto nos episódios da TV, mas sempre delicioso. O melhor exemplo é justamente a primeira cena do filme. Toda a cidade de Springfield assiste no cinema a um longa de 'Comichão e Coçadinha'. Revoltado, Homer se levanta e dispara: "por que eu tenho que pagar uma nota pra ver algo que passa todo dia na TV de graça? Todo mundo aqui nesse cinema é idiota." e apontando para a "câmera" completa: "inclusive você". Uma jogada de mestre dos roteirista, muito provavelmente pensada após o conclusão do texto. Devem ter percebido que não passava de um episódio corriqueiro da série, e optaram por declarar isso já no início. Acertaram. Não bastasse isso, no meio da projeção tudo escurece e aparece o letreiro "to be continue"... e segundos depois "immediately". Como se estivéssemos realmente diante de episódios integrados, e não de um longa. Prova cabal de que não deveríamos nos enganar. É o mesmo Simpsons da TV.
Outra questão séria, essa mais nossa, é o fato de que a Fox do Brasil não conseguiu acertar as bases financeiras com Waldyr Sant'Ana, o dublador oficial de Homer e Vovô. Triste, pois até as cenas conhecidas pelos trailers, dublados antes desse problema (em especial a do Porco-Aranha e a do telhado), parecem menos engraçadas sem a voz de Waldyr no filme. Um detalhe que, perdão pelo clichê, fez toda a diferença.
Mas vale bastante a pena. Como diversão é um prato cheio. Com takes mais amplos (graças ao formato WideScreen dos cinemas) as cenas ganham uma maior agilidade e permitem o jogo com vários personagens ao mesmo tempo. Sacadas políticas e filosóficas são rotina. As costumeiras referência metalingüísticas também estão presentes, como as duas que citei acima. Os moradores de Springfield aparecem todos. Dos personagens mais importante, senti apenas a ausência de Sideshow Bob, que poderia ser muito bem aproveitado no terceiro ato. Os convidados também dão as caras: Schwarzenegger como presidente, Green Day como músicos ativistas, etc. Nenhum recurso que já não supuséssemos, mas todos bem utilizados e necessários. Por isso, não é depreciativo dizer que o filme repete a fórmula da série de TV. Pois se essa beira a perfeição, aquele deveria ser exatamente isso: um prolongamento da genialidade de Matt e sua turma. Nós Simpson-maníacos sentimos apenas que não fomos surpreendidos. A surpresa foi justamente a existência do filme, após longos 18 anos de espera. 18 anos esses que permitiram aos roteiristas praticamente todas as possibilidades de exercício criativo, não parecendo ter sobrado muito espaço para mais novidades na telona.
2 Resposta(s):
Poi Zé, até que enfim assistimos ao tão esperado filme do ano. Basta de ver teasers, estamos vendo-os desde o ano passado. E por falar nisso, mesmo a mais "manjada" cena, a do Homer martelando no telhado com Bart, que parecia ter perdido a graça, foi hilária vendo novamente no cinema (eu devo ter visto centenas de vezes o "péra aí, péra aí").A animação em si foi feita de forma diferenciada, os cartunistas desenhavam no próprio monitor do computador e de lá movimentavam as personagens, isso deu uma impressão ao longo do filme de um longa metragem de qualidadee não de um episódio de TV extendido. Foi a primeira vez que dou risada do filme mesmo antes dele começar, e a primeira sátira da 20th century fox, quando Ralph aparece no meio do "zero" e canta a famosa vinheta da Fox. Como você disse Zé, a nova dublagem do Homer foi decepcionante, perdeu muito a graça porque deu uma nova personalidade ao Homer se você analisar com calma. Quem não é fã da série assiste sem aversão, mas eu fiquei uns bom tempo decepcionado com o "novo" Homer.
Uma outra coisa, li umas três ou mais críticas na internet sobre o filme, e descordo com quase todas, muitas dizem que o filme foi uma crítica ao ambientalismo e à religião, bem, quase todos os episódios dos simpsons são uma crítica à religião, mas é um filme ambientalista. Os simpsons são uma sátira descarada da "american way of life", e as personagens criticam o ambientalismo, eles são os idiotas, não os ambientalistas, e foi a poluição que os condenou finalmente. Os americanos e seu presidente viram as costas para a proteção do meio-ambiente, o que acarreterá várias tragédias naturais, como o furacão no golfo do México que está vindo aí (um outro Katrina). Como o famoso Nelson diz no início do filme: "diga que o aquecimento global é um mito, diga" forçando um defensor a mudar de ideologia. Outra cena que devo comentar, uma das mais inesperadas, foi quando Homer desafia Bart a andar de skate nu pela cidade, e na sequência todo tipo de cenário censura suas partes íntimas, até que apenas elas são mostradas de repente. Hilário, como todo o filme.
Se alguém ainda não assistiu a esse filme, espere o final dos créditos, Meg diz sua primeira frase, e é uma belíssima frase. Resume que os Simpsons poderão acabar na TV, mas perpetuarão pelos cinemas. "Aleluia!"
aleluia
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