Quando em meio a papéis sem assinatura e borderôs sem carimbo, uma moça se aproximava visivelmente mais preocupada em discutir os valores de sua apólice de seguros, Zílio suava a fronte branca de homem de escritório. Odiava sem saber o porquê. Tinha um ódio enorme de se saber tímido o suficiente para um primeiro contato com qualquer pessoa do sexo oposto, burro o suficiente para um galantear qualquer, feio o suficiente. Zílio é como eu e você. Só um pouco mais humano, mais honesto, mais tímido, mais burro e mais feio. Se ele soubesse que assim são muitos corações que se disfarçam em rapinante. Creia Zílio, a vida não é realmente algo que compensa a paga de viver.
Apenas Zílio por nome. Jamais se dera ao duelo de morte que o levaria ao fim certo. Aquele ser ignoto das gentes vivera recôndito dentro do mundo. Uns, de pronto, chamariam mentira; outros, melindrados, não acreditariam que pudesse brotar entre as gentes tão honesta figura. Um homem simples que nunca quis ser além de um passageiro de vida, medíocre. Vez ou outra sonhara um sonho amalucado de ser feliz. Mas não é dado ao humano ser feliz. Isso ele aprendera fácil. Aprendera quando descobriu que seria sozinho no mundo. Para sempre.
A única palavra que lhe valera algo em vida foi essa: honestidade. E a ignorância alheia insistiu em nomear estupidez. Zílio não dá passo em falso, não quer o do outro. Sequer imaginava ser de direito o que era seu, por direito: a própria vida. Colocou sempre em mãos diversas o destino que só a ele pertencera. Pobre homem que não falha, o que já é falha grave. Tomou mais um gole antes de pagar mais do que deveria de conta e gorjeta. Percebeu que chovia ainda, adiantou-se até a beira da rua e deu sinal ao táxi. Hora de voltar, obviamente sozinho, ao lar.
Zílio era bom para a família, por isso ninguém lhe dava o devido respeito. Então ser bom é errado nesse mundo? É isso que se recebe por não querer além do próximo metro? Olhavam-no com o devido cuidado, um estranho ser de carne e osso que o mais disparatado espectro ultrapassaria em credibilidade. Não. Não é possível que exista coisa assim num mundo como o nosso. Um homem que trabalhe honestamente, e viva honestamente, insira-se no mercado consumidor honestamente, que honestamente chore em comédias românticas no cinema vazio. Se Zílio entendesse de artes-plásticas, música ou futebol, talvez tivesse consolo. Mas ele é outro.
Apenas Zílio por nome. Jamais se dera ao duelo de morte que o levaria ao fim certo. Aquele ser ignoto das gentes vivera recôndito dentro do mundo. Uns, de pronto, chamariam mentira; outros, melindrados, não acreditariam que pudesse brotar entre as gentes tão honesta figura. Um homem simples que nunca quis ser além de um passageiro de vida, medíocre. Vez ou outra sonhara um sonho amalucado de ser feliz. Mas não é dado ao humano ser feliz. Isso ele aprendera fácil. Aprendera quando descobriu que seria sozinho no mundo. Para sempre.
A única palavra que lhe valera algo em vida foi essa: honestidade. E a ignorância alheia insistiu em nomear estupidez. Zílio não dá passo em falso, não quer o do outro. Sequer imaginava ser de direito o que era seu, por direito: a própria vida. Colocou sempre em mãos diversas o destino que só a ele pertencera. Pobre homem que não falha, o que já é falha grave. Tomou mais um gole antes de pagar mais do que deveria de conta e gorjeta. Percebeu que chovia ainda, adiantou-se até a beira da rua e deu sinal ao táxi. Hora de voltar, obviamente sozinho, ao lar.
Zílio era bom para a família, por isso ninguém lhe dava o devido respeito. Então ser bom é errado nesse mundo? É isso que se recebe por não querer além do próximo metro? Olhavam-no com o devido cuidado, um estranho ser de carne e osso que o mais disparatado espectro ultrapassaria em credibilidade. Não. Não é possível que exista coisa assim num mundo como o nosso. Um homem que trabalhe honestamente, e viva honestamente, insira-se no mercado consumidor honestamente, que honestamente chore em comédias românticas no cinema vazio. Se Zílio entendesse de artes-plásticas, música ou futebol, talvez tivesse consolo. Mas ele é outro.
4 Resposta(s):
Zílio está em todos nós, mesmo que seja só por um segundo.
Tio, volta logo.
Em qual dos seus sonhos você encontro Zílio?
Gostei do que escreveu, professor.
Mas o finalzinho, ahhh...tenho que fazer um comentário..
Você entende de artes-plásticas, música e futebol, não é?
ahhhhhhh...
te amo!
mas zeh... eu ainda posso te chamar de zilio??(e afins?)
mas gostei! muito bom...e ta tarde aqui.
Zílio está em todos nós, mesmo que seja só por um segundo [2]
Postar um comentário