- Como faremos para que ele não nos veja?
- Relaxe... A essa hora, o máximo que ele consegue é se virar para o lado. Não acorda mais.
- Ainda assim é perigoso, você confia demais na sorte...
- Já te disse, venha comigo, dê a mão aqui... Faz tempo que você não vem pra cá... Estava com saudades.
O diálogo construía-se pé ante pé. A voz, quase a sumir, servia apenas para corroborar um movimento de lábios mais que suficiente. Os gestos diziam o que o coração preferia esconder. Como sentiu falta dele! Todo esse tempo e ela não conseguia esquecê-lo um só dia! E agora estava ele ali. Parecia mais forte, mais saudável. A sua presença preenchia um vazio de há muito.
- Eu ainda te amo, apesar de ter me abandonado, nunca te amei tanto.
Sua ausência era seu charme.
- Silêncio! Se ele acordar estamos fudidos!
- Já disse que ele não acorda. Fica tranqüilo.
- O que você pretende?
- Diga você! É idéia sua...
- Antes tire essa camisa, veja só: ensopada de suor.
- Não havia ar condicionado no ônibus... E ele? Não mudou nada!
- O mesmo mané de sempre. E eu não largo...
- Você não consegue mais... Tem certeza de que isso não é arriscado?
- Se você perguntar novamente sou capaz de desistir...
- Não, não.
Sem que o tal mané soubesse, sua esposa tramava, praticamente aos seus pés. Tramava com aquele que durante tanto tempo, e nada secretamente, dividiu o coração dela. E ainda dividia, se é que não o tomava de arrasto! Estranha fixação das mulheres nos amores antigos. Justo ela, que jurara jamais tornar a dirigir-lhe a palavra, desde o dia em que ele, num rebentando de juventude, a deixou. E agora ali, os dois, ao pé do mané, como prontos a atacá-lo. Ela segurava a faca na mão esquerda. Ele, ainda com aquele rosto jovial que o marcava tanto, não mais voltaria atrás, e mesmo sabendo que seu pai jamais aprovaria... acendeu a luz!
- Parabéns pra você, nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida... E pro Manuel nada?
- Tudo...
Enquanto sua esposa cortava o bolo, Manuel esfregava os olhos... E, numa mistura de surpresa e alegria, disse apenas:
- Filho! Você voltou... Que merda! Odeio festa surpresa, e odeio ser acordado...
E se riram.
- Ainda assim é perigoso, você confia demais na sorte...
- Já te disse, venha comigo, dê a mão aqui... Faz tempo que você não vem pra cá... Estava com saudades.
O diálogo construía-se pé ante pé. A voz, quase a sumir, servia apenas para corroborar um movimento de lábios mais que suficiente. Os gestos diziam o que o coração preferia esconder. Como sentiu falta dele! Todo esse tempo e ela não conseguia esquecê-lo um só dia! E agora estava ele ali. Parecia mais forte, mais saudável. A sua presença preenchia um vazio de há muito.
- Eu ainda te amo, apesar de ter me abandonado, nunca te amei tanto.
Sua ausência era seu charme.
- Silêncio! Se ele acordar estamos fudidos!
- Já disse que ele não acorda. Fica tranqüilo.
- O que você pretende?
- Diga você! É idéia sua...
- Antes tire essa camisa, veja só: ensopada de suor.
- Não havia ar condicionado no ônibus... E ele? Não mudou nada!
- O mesmo mané de sempre. E eu não largo...
- Você não consegue mais... Tem certeza de que isso não é arriscado?
- Se você perguntar novamente sou capaz de desistir...
- Não, não.
Sem que o tal mané soubesse, sua esposa tramava, praticamente aos seus pés. Tramava com aquele que durante tanto tempo, e nada secretamente, dividiu o coração dela. E ainda dividia, se é que não o tomava de arrasto! Estranha fixação das mulheres nos amores antigos. Justo ela, que jurara jamais tornar a dirigir-lhe a palavra, desde o dia em que ele, num rebentando de juventude, a deixou. E agora ali, os dois, ao pé do mané, como prontos a atacá-lo. Ela segurava a faca na mão esquerda. Ele, ainda com aquele rosto jovial que o marcava tanto, não mais voltaria atrás, e mesmo sabendo que seu pai jamais aprovaria... acendeu a luz!
- Parabéns pra você, nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida... E pro Manuel nada?
- Tudo...
Enquanto sua esposa cortava o bolo, Manuel esfregava os olhos... E, numa mistura de surpresa e alegria, disse apenas:
- Filho! Você voltou... Que merda! Odeio festa surpresa, e odeio ser acordado...
E se riram.
8 Resposta(s):
wow o.O ainda to meio atordoada, mas isso foi uma bela quebra de expectativa...
em sua aula vc me exemplificou o anti-climax com alguma historia... poderia muito bem ter sido esta.
seria muita pretensão explicar literatura usando coisa própria! Porra, eu usei Dalton Trevisan! Do que você está reclamando?
se é pra usar coisa própria vou ser professora de educação sexual...
hahahahaha...
(ciúme)
Achei que era outra coisa.
Mas não foi pelo fim...
Foi pelo começo.
If you know what I mean.
essa historinha de é mais um é além de jogo de adivinhação tá virando sinônimo de zé.
a gente usa esses artifícios quando não sabe escrever...
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