sábado, 11 de agosto de 2007

"Zé, você é o professor mais lélé"

"Do muito que tenho corrido, pouco tem sobrado para escrever. Os poemas, vá lá, faz-se entre os goles de café. As crônicas (por mais que me alertassem os bestiais, só acreditei depois de Verbalizações) demandam um tempo que não tenho".

Pensei em começar esse texto com o parágrafo acima, depois eliminei, e trouxe de volta, por fim, para as devidas explicações. Mesmo sendo um ótimo "eximir-se", ele não diz verdades, e se fosse para mentir, continuaria nas ruas. Aqui residirá somente o que sinto e penso das coisas, com toda sinceridade, um pouco de modéstia e muita humildade que só têm servido para que me chovam confetes que não peço, mas gosto. Sim, esse é meu lar e redenção, cama e massagem.

Na verdade a culpa é de Jade, Bergman e Michael Bay. Com a empolgação natural de toda novidade, me propus a fazer o que fosse necessário para que esse espaço agradasse. Travei contra minhas imperfeições a mais árdua das batalhas. Saí de cada nova postagem um pouco mais fraco. E agora, ao relê-las, acredito que o resultado foi o esperado, elas estão realmente boas! Eis a questão: não sei se serei capaz de escrever novamente com a beleza primaveril de a pouco. Por isso a dificuldade em verbalizar novamente. Coloco idéias na cabeça e no papel, nada! Talvez a solução fosse abandonar a caneta e buscar a enxada. E, com ela, "cavar até encontrar um coração". Minhas linhas andam sem coração, sem coragem, sem emotividade.

Coração que só bate cada vez que volto ao tablado para uma nova empreitada como professor. Não sei qual é o melhor emprego do mundo. Porque ser professor não é emprego, é vocação. E ainda que tratado comercialmente, só seria o meu melhor trabalho. Só posso afirmar que as respostas para todos os problemas e dúvidas está nos rostos infantis que me observam e sorriem, que olham para mim sem o mínimo pudor em dizer que me amam, que me respeitam, que me admiram. Os alunos mais velhos são irmãos mais novos que eu cuido para não deixar nos desvios, mas as crianças são os filhos que eu quero, mas nem sei se terei.

Coragem para posicionar-me acima do incerto. Dizer no rosto o que penso, e não disfarçar. Negar o que me prejudica sob a alcunha de desafio. Viajar sem dinheiro, para viver o que apenas leio e ouço. Xingar menos, gritar menos, beber menos. Correr mais, cantar mais, escrever mais. A coragem é um artifício tão poderoso quanto o disfarce. Mas enquanto esse te joga no arrependimento da não-vida, aquele te projeta no arrependimento da mal-vida. É uma utopia pesada, pensada e passada. É quase a não-poética.

Emotividade, se falta nas linhas, não falta fora delas. Confesso que tenho "quase chorado" diariamente. Não por dramas e vicissitudes próprios. Desses cuido na luta, no disfarce ou na esperança. Tenho quase-chorado pelos que, assim como eu, se precipitam em dias melhores, em sonhos realizados, em tempestades de benevolência. Quase chorei com minha Jade, quase chorei com o Clodoaldo Silva (meu herói máximo no que concerne o superar-se), quase chorei com a doação de computadores para um projeto social, quase chorei com o poeminha da aluninha Bárbara, quase chorei com a esperança do aluninho Fernando em dias mais legais (a frase "cavar até encontrar um coração" é dele), quase choro a cada novo comercial sobre dia-dos-pais. E lágrimas hão de rolar, de alegria, que fique bem claro. Tristeza é para quem tem tempo.

Ao que parece tenho vivido (muito e bem), ainda bem. Essa é a resposta Kim. Essa é a resposta Karol. Vocês têm motivos suficientes para não precisar escrever como eu: vida pra viver. Motivos demais, como os meus em quantidade, diferentes na qualidade. Portanto, e para que suas palavras estejam sendo colocadas apenas para a pessoa certa, continuem vivendo, deixem que eu escreva, a cada quinze dias, quando eu dou uma parada nesse vida corrida que aprendi a adorar. Talvez, no futuro, eu também não escreva mais aqui. Talvez eu tenha o mesmo bom motivo de vocês, nem é preciso esclarecer.
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Image Hosted by ImageShack.usEm tempo: Quero fazer um agradecimento especial a todos aqueles senhores que, com seus trabalhos, tornam os meus trabalhos mais simples. Falo dos comediantes que têm contribuído, de uma maneira ou de outra, para aliviar a tensão natural no dia-a-dia do pequeno burguês. Peço a todos que fiquem de pé e saúdem com uma enorme salva de palmas: Roberto Gomes Bolagnos, Zach Braff, Colin Mochrie, Jim Carrey, Luís Inácio Lula da Silva, Diogo Mainardi, Rodrigo Scarpa, Wellington Muniz, Homer Simpson, Galvão Bueno, Charles Chaplin, Jerry Seinfield, Jerry Lewis, Steve Carell, Sacha Baron Cohen, Lucas Ferreira e Deus.

4 Resposta(s):

Anônimo disse...

"Os alunos mais velhos são irmãos mais novos que eu cuido para não deixar nos desvios." nao pode ser tio não? aoisudhoaisd
bati o olho no 'coragem' e ja sabia que ia ser o melhor, nao deu outra. :)

Zé(d's) disse...

tio não! usa com o russo!

Anônimo disse...

fala zé!
ow eu leio vários blogs, e o seu é um dos melhores, mesmo sendo novo,
de verdade.
Você escreve bem... vc nunca pensou em fazer Letras?
amo vc
bjo

Zé(d's) disse...

olha alex... não é por nada não... mas letras é curso de viadinho!

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