Qualquer tentativa de análise da genialidade é uma pretensão, carregada de pré-intenção. Não que eu não estivesse autorizado a comentar minhas impressões sobre seja qual for o assunto, principalmente aqui. Ocorre, porém, que me faltam palavras, sobretudo ante a morte. Acredito nela como entidade, irônica, jocosa. Não é justo aos homens perder num só dia o pai e o filho. Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni se foram, como mortais se foram, e essa crônica já nasce falecida, pela impunidade das palavras menores. Como disse, não sei falar dos Gênios. Bergman confessou certa vez que "O Sétimo Selo" era sua maneira de interpretar o próprio medo da morte (e ela, talvez pela homenagem, foi generosa e o deixou viver quase 90 anos!), Antonioni, sobre o mesmo argumento, preferiu a arte investigativa ("Blow Up" e "Profissão Repórter", por exemplo) e viveu ainda um pouco mais.
Nada digo além disso, porque não sei, e porque não me é digno. Sinto apenas que nos faltará um pedaço. Sempre nos faltará um pedaço na morte dos ídolos. Que esse discurso não soe passadista. Não acredito que o bom cinema já se foi, seria injusto a Almodovars e Andersons. Mas foi uma parte bonita. Duas na verdade.
Se pudessem, Bergman e Antonioni, decidir a morte numa partida de xadrez, eu torceria para que ela não tivesse fim. Desse modo ganharia a arte, ganharíamos eu e você, ganharia o próprio tabuleiro: o gosto de viver!
Se pudessem, Bergman e Antonioni, decidir a morte numa partida de xadrez, eu torceria para que ela não tivesse fim. Desse modo ganharia a arte, ganharíamos eu e você, ganharia o próprio tabuleiro: o gosto de viver!