terça-feira, 31 de julho de 2007

Xeque-Mate

Qualquer tentativa de análise da genialidade é uma pretensão, carregada de pré-intenção. Não que eu não estivesse autorizado a comentar minhas impressões sobre seja qual for o assunto, principalmente aqui. Ocorre, porém, que me faltam palavras, sobretudo ante a morte. Acredito nela como entidade, irônica, jocosa. Não é justo aos homens perder num só dia o pai e o filho. Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni se foram, como mortais se foram, e essa crônica já nasce falecida, pela impunidade das palavras menores. Como disse, não sei falar dos Gênios. Bergman confessou certa vez que "O Sétimo Selo" era sua maneira de interpretar o próprio medo da morte (e ela, talvez pela homenagem, foi generosa e o deixou viver quase 90 anos!), Antonioni, sobre o mesmo argumento, preferiu a arte investigativa ("Blow Up" e "Profissão Repórter", por exemplo) e viveu ainda um pouco mais.

Nada digo além disso, porque não sei, e porque não me é digno. Sinto apenas que nos faltará um pedaço. Sempre nos faltará um pedaço na morte dos ídolos. Que esse discurso não soe passadista. Não acredito que o bom cinema já se foi, seria injusto a Almodovars e Andersons. Mas foi uma parte bonita. Duas na verdade.

Se pudessem, Bergman e Antonioni, decidir a morte numa partida de xadrez, eu torceria para que ela não tivesse fim. Desse modo ganharia a arte, ganharíamos eu e você, ganharia o próprio tabuleiro: o gosto de viver!

sábado, 28 de julho de 2007

Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça...

Quando eu olho para trás e vejo meu passado, lembro das paixões juvenis. A Laura lá na quinta série, as professoras Mariangela e Fabiana na sétima, a Juliana da rua de cima, Julianne Moore, Didi Vagner, tantas antes, outras tantas depois. Platonismo, admiração, desejo, cada uma a sua maneira, todas n'água. Não que eu tivesse qualquer chance com a minha Julianne Moore, talvez nem com a minha Juliana, não saberei. Mas não sou o único, é certo. Paixões juvenis, quem não as teve na vida? Não são apenas para jovens, kakazetes, aluninhas de colégio, pessoas retraídas, garotos na puberdade. Curioso, mas paixão juvenil também é arte. O porquinho-da-índia do Manuel Bandeira, a primeira namorada era o bicho de estimação. A Patrícia Poeta do Veríssimo, crônicas e poemas à garota do tempo. Lembra da música? "É ela menina que vem e que passa, num doce balanço a caminho do mar". Passa... "Garota de Ipanema" é o resultado da paixão juvenil de dois gênios, um hino, em causa própria. Amores desse tipo acometem-nos a vida toda!

Tudo isso para apresentar a você minha mais nova paixão, Jade Barbosa. Isso mesmo, a ginasta. Há tempos não tinha uma paixão platônica, estava ficando desacostumado, achando que tinha perdido essa veia. Mas surgiu Jade, que também já é minha, como Juliana e Julianne. Começou numa tarde destas férias, na minha caça por regozijo patriótico no Pan nosso de cada 4 anos. Zapiando entre as transmissões esportivas, paro no rosto choroso da menina. Pronto. Eu a amo. O ouro do dia seguinte, a desforra contra as americanas, o hino nacional, eu já não via mais nada, apenas esperava minha Jade. Ela parou de aparecer, com o fim das competições de ginástica. E eu, como todo bom apaixonado, fui para a Internet. Fotos, Youtube, Orkuts falsos (e o verdadeiro!) . Tudo para que a chama não se apagasse. Encontrei algo bom para fazer nas férias: amar a Jade. Porque é assim que a gente diz. Amo! Paixão juvenil é sempre com Amor, "eu gosto muito" é outra coisa. E fico feliz pois reencontrei o tipo de Amor que nós perdemos pouco a pouco nos desvios, o puro. Só me resta agradecer a Jade, por estar ali para ser amada, platônicamente amada. E quando vier a próxima, querida Jade, não fique triste, esses amores não morrem, apenas se multiplicam na experiência. "É a coisa mais linda que eu já vi passar...".

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Transformers

Há alguns anos o Aerosmith foi execrado graças a um clipe de dificil aceitação. Falo de "Fly Away From Here", um video futurista e de pouco conteúdo. Desculparam-se dizendo tratar-se da mais atual técnica "videoclípitica", com takes de poucos segundos e imagens pululando na tela! Não se tratava. Técnica "videoclípitica" é o que vemos em "Corra Lola Corra". A velocidade a serviço da linguagem. O que o o Aerosmith fez foi trasportar para a tela uma total falta de tino criativo.
Mas por que retomei esse assunto? Para introduzir uma discussão que seguirá a mesma linha. Há algumas horas deixei o cinema completamente trastornado. Venho de assistir "Transformers", do sempre carniceiro Michael Bay
("A Rocha", "Armagedon", "Bad Boys", "Pearl Harbor"). Minha indignação estás no fato de um diretor com tantos recusos financeiros e técnicos, se perder na mesma balela "pseudo-moderna" em que caiu o Aerosmith. Com personagens tão complexos (e de movimentos tão bruscos e espetaculosos), a opçaõ do diretor foi no mínimo controversa. Quem se lembra de Transformers na infância? Isso mesmo: veículos auto-motores que se transformam em alienígenas robóticos. Mesmo desconhecendo a história, a coisa que mais nos atrai no filme é vermos um Chevrolet Corvette transformar-se em um robô de três metros de altura (tentando entender essa maravilha da física quântica). Então. Aí está o problema, as seqüências de ação que nunca ultrapassam os três segundos impossibilitam qualquer tentativa de entender como um f50 da força aérea americana ganha dimensões quase prediais. E o maior chamariz do filme transforma-se em seu maior defeito. Essa é a indústria americana de cinema. Que eu amo, você ama, mas disfarçamos sempre que possível. Aerosmith, Michael Bay, Jerry Bruckheimer, Justin Timberlake... Velocidade, velociade, velocidade... e o conteúdo? O conteúdo, amigo leitor, está em saber olhar pra isso e não achar a mínima graça! Ou fingir que não acha!

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Da arte de preservar o que se pensa!

Tantas pessoas e tantas idéias. Tantos caminhos. Esse é o meu. Duvido que eu resista a um mês. É possível que nem tanto. É mais provável que eu, dada a experiência, acabe com isso já na primeira semana. No entanto, e após longas relutâncias, estou aqui. O que direi não provocará qualquer efeito positivo, não mudará uma vida, não fará viúvas, não motivará ninguém à adoçao ou ao divíorcio. Na verdade, e é digno que se adimita, minha única intenção é ter um lugar de rápido acesso para deixar impressões sobre a minha vida (e a alheia). Ocorre, com uma freqüência espantosa, que eu tenho sempre alguma idéia estranha sobre as coisas. Penso então que aquela idéia deveria ser preservada para que eu pudesse voltar outras vezes a elas, seja para rir da infâmia, seja para discordar de mim mesmo, seja (pasmem) para melhorá-las. Eis o motivo, eis o (meu) caminho! Por favor, não tomem por verdade.
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Hoje é dia 23/10/2007. O Blog está prestes a completar três meses, e vagarosamente crescendo. O que começou como uma maneira de matar o tempo ocioso de férias, após o fim do Pan-americano do Rio de Janeiro, é já parte importante de quem sou e do que gosto de fazer. Fato é que ter um blog, minimamente visitado pelas pessoas, faz com que eu me mantenha ativo, e exercite a escrita mesmo quando a vontade parece pedir o contrário. Agora é um pedaço de mim. Por favor, continuem não tomando por verdade.

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